“Podemos estar a falar de uma produção abaixo das 100 mil toneladas, o que é dramático para a produção e coloca em causa a viabilidade económica da fileira”, afirmou à agência Lusa Filipe Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha (ANP), a duas semanas do início da colheita.
Apesar de inicialmente se prever uma colheita superior à do ano passado, as elevadas temperaturas que se sentiram nos últimos dias provocaram quebras de 20%, agravando aquela que já seria uma produção baixa, com “menos de metade da produção face a um ano normal”, com 200 mil toneladas de fruta colhidas.
“O clima contribuiu muito para o problema. Tivemos meses muito chuvosos, depois temperaturas amenas no inverno, o que não é muito bom para a fruta, no período da floração tivemos calor excessivo e agora, no fim da produção, falta de água e temperaturas anormalmente altas, o que se traduziu num crescimento aquém e num reduzido número de frutos”, justificou o dirigente."Nesta fase final, não temos água disponível por falta de infraestruturas de regadio, o que é importantíssimo para o crescimento dos frutos”.
Na campanha de 2022/2023, que agora termina, foram colhidas 123 mil toneladas de fruta e facturados cerca de 123 milhões de euros que, ainda assim, voltaram a resultar em prejuízo para o setor.
“Não conseguimos compensar em valor a quebra de produção, porque temos custos que não conseguimos refletir no preço de venda do produto”, explicou Filipe Ribeiro.
Nos últimos anos, mais de metade da produção foi exportada para os principais mercados de destino desta fruta: Brasil, Reino Unido, Marrocos, França e Alemanha.
A ANP - Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha possui 5 mil produtores associados, reunindo uma área de produção de 11 mil hectares. Produzida maioritariamente entre Mafra e Leiria (99%) - sendo Cadaval e Bombarral os concelhos de maior produção - a Pera Rocha do Oeste é um produto reconhecido pela União Europeia com Denominação de Origem Protegida.
Fonte: Agência Lusa