O Homem é um animal racional. Um homem, ou uma mulher, com responsabilidades políticas ou académicas, entre outras, é um cidadão comprometido com questões éticas. 

Declarações infundadas, precipitadas, sensacionalistas, com promoção de inverdades, só porque caem bem na opinião pública são, no mínimo, escandalosas. 

Para não dizermos puníveis.

É, por isso, com profunda indignação que a FAABA, Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo, reage às declarações do reitor da Universidade de Coimbra, na abertura de mais um ciclo académico perante os seus alunos, e perante os cidadãos, cada vez mais incrédulos do nosso país. 

A carne de vaca será substituída "por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal”. 

Tais declarações, apresentadas de forma descontextualizada, configuram-se enganosas. 

Embora seja reconhecida a emissão de gases de efeito de estufa (GEE) por parte dos bovinos, também importa salientar que os sistemas de produção desta espécie, associados ao pastoreio, contribuem de forma muito positiva para o sequestro de dióxido de carbono e para o aumento da matéria orgânica e fertilidade dos solos.

A produção de conhecimento baseado na investigação científica está entre os alicerces mais importantes de uma instituição universitária. 

É, por essa razão, muito grave, que o representante da Universidade de Coimbra veicule alarmismo, possa colocar em causa princípios de rigor científico e proferir afirmações sem sustentação objetiva

A informação descontextualizada, por parte de uma instituição universitária está a ensinar o quê? O Fundamentalismo? A imprecisão? Ou pode ter uma leitura de imposição em vez do estímulo ao aprofundar do conhecimento?

Vivemos um tempo de “emergência climática”. 

Sim, e declarações infundadas e alarmistas a este respeito colocam em causa o desenvolvimento do sector agrícola no seu todo, a sua rentabilidade, o equilíbrio do espaço rural, a produção nacional e a soberania alimentar do país.

A emergência climática é uma questão científica mas é também política. E pode tornar-se uma emergência social se não forem criados mecanismos que combatam a falácia e a desinformação

Há estudos de universidades europeias que já fazem referência negativa aos efeitos globais de uma alimentação puramente vegetal, nomeadamente às suas nefastas consequências mundiais a nível económico, ambiental e nutricional.

Há evidência científica que demonstra os benefícios ambientais e sociais da atividade agrícola no combate à desertificação, ao despovoamento rural e à promoção da biodiversidade nos nossos ecossistemas. 

Estão comprovadas as mais-valias do pastoreio e das pastagens, na prevenção contra incêndios, no enriquecimento do solo em matéria orgânica, no seu contributo objetivo para o sequestro de carbono e para as metas da neutralidade carbónica, conforme preconizado no Roteiro Nacional sobre esta matéria.

Por outro lado, há reconhecidas organizações internacionais a demonstrar que o consumo adequado de carne é benéfico para a saúde

Prova disso é a distinção da dieta mediterrânica, onde se inclui a carne de vaca, como uma das mais saudáveis e equilibradas do mundo, agora inscrita pela UNESCO na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

A FAABA defende por isso, honestidade intelectual. Trabalho conjunto. 

Empenho político que valorize as boas práticas dos agricultores porque estes são os principais interessados e estão na linha da frente no combate às alterações climáticas.

Lamentamos profundamente as afirmações do reitor da Universidade de Coimbra, bem como as declarações públicas nesta quarta-feira, do Primeiro-Ministro de Portugal sobre a abolição da carne nas refeições oficiais do Governo

O Primeiro-Ministro, mesmo enquanto candidato, deveria defender um setor tão importante e tão relevante em termos económicos, ambientais e sociais como é a pecuária nacional. 

E a agricultura no seu todo.

 

Fonte: FAABA - Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo