Após quatro anos consecutivos de precipitação inferior à média, as reservas de água situam-se atualmente nos 36% conforme boletim das albufeiras da Autoridade Nacional de Regadio.
No ano passado, a área regada reduziu 30% e, este ano, estima-se que mais de 50% da área não poderá ser regada, representando um prejuízo direto de mais de 1,1 mil milhões de euros no saldo da balança comercial, num setor que agrega 150.000 empresas agrícolas, responsáveis por 175.000 postos de trabalho diretos.
A bacia do Sado apresenta as maiores limitações de água a nível nacional, variando o volume útil de água disponível nas nove albufeiras da região de 0% a 17%, de acordo com o boletim das albufeiras da DGADR, emitido a 2 de fevereiro.
A manter-se a situação atual de seca, a cultura do arroz, será inviável no Vale do Sado.
A única forma de viabilizar esta e outras culturas agrícolas na região do Sado é através da transferência dos volumes de água da barragem de Alqueva para as albufeiras periféricas, algumas das quais terão necessidade de comprar 100% da água à EDIA, entidade gestora de Alqueva. Porém, a aquisição de maiores volumes de água à barragem de Alqueva pelas Associações de Regantes terá uma repercussão direta nos custos da água, com um agravamento estimado de 50% a 70% no preço da água a pagar pelos agricultores, o que inviabiliza a realização da maioria das culturas anuais (arroz, milho, entre outras) na bacia do Sado.
O Programa Nacional de Regadios, cujo arranque foi assinalado pelo ministro da Agricultura no passado dia 2 de fevereiro, deve representar mais um progresso na adaptação às alterações climáticas e uma aposta na continuidade da modernização do regadio, que significou um grande avanço na poupança de água: em três décadas, a agricultura reduziu para metade a água utilizada por hectare.
Também a PAC pós-2020 deve assegurar a continuidade dos investimentos em regadio para melhor resiliência aos períodos de seca.