Caros Colegas
Há dias dirigi-vos uma mensagem com o objectivo específico de vos alertar para a necessidade de nos posicionarmos na cadeia de produção e abastecimento de produtos alimentares, de forma a combatermos ao máximo a possibilidade de se verificarem falhas no abastecimento desses produtos básicos à população em geral.
Hoje, contudo, pretendo alertar para outro problema. O da segurança sanitária das pessoas. Os agricultores e os seus colaboradores.
Muitas são as empresas que vão fechar portas temporariamente.
Muitos são os postos de trabalho que vão ser substituídos por teletrabalho, as reuniões feitas por Skype e outros mecanismos tecnológicos hoje disponíveis. Quase tudo vai fechar.
Mas a agricultura não. As terras terão de continuar a ser trabalhadas, as máquinas atestadas e reparadas, as culturas adubadas, tratadas e colhidas, os animais diariamente acompanhados, tratados e alimentados, os transportes de bens de produção terão de chegar aos seus destinos.
Enfim, um sem número de tarefas que deverão ser rotineiramente executadas. Tudo isso deverá e terá de continuar a ser feito.
É assim necessário que todos, repito, TODOS, sejam devidamente elucidados dos cuidados acrescidos que deverão ter sempre presentes.
Não é por se estar a trabalhar no campo que ficamos longe deste problema que a todos afecta.
É exactamente por estarmos no campo que temos de redobrar cuidados, para que não sejamos surpreendidos pelo descuido e suceda o inesperado.
Não me compete elencar aqui quais os procedimentos que devem ser adoptados, como o frequente lavar das mãos, limpeza de ferramentas, manter distâncias ou evitar agrupamentos.
Recordo que muitos trabalhadores fazem pausas para a tradicional “bucha” a meio da jornada da manhã ou da tarde.
Será bom que tenham possibilidade de lavarem as mãos e desinfectarem-se antes de comer.
Enfim, um sem número de situações que cada um deverá referir e exemplificar numa necessária conversa que deverão ter com os vossos empregados. Falem com eles.
Este assunto é MUITO GRAVE!
Para quem lida com mercados, chama-se a atenção para que seja exigido aos responsáveis pelas áreas de descarga e manuseamento dos produtos, cuidados extraordinários de higiene, embalamento e posterior transporte. Que sejam reduzidas ao mínimo as pessoas em circulação nessas áreas.
Há que manter a pressão sobre a cadeia. Só assim poderemos assegurar que os produtos chegarão aos seus destinos finais rodeados dos cuidados que a situação exige. Só assim cimentaremos a confiança do consumidor no trabalho dos agricultores e seus produtos.
Para os que têm medicina do trabalho, a CAP solicitou ao Governo o reforço do funcionamento dessas equipas, a fim de aumentar a frequência de controlos sanitários e troca de impressões entre técnicos de saúde e quem trabalha no campo.
Todos os cuidados são poucos nestes momentos difíceis que o País atravessa.
Os trabalhadores do campo têm família, têm filhos e muitos vivem com os mais velhos em casa. Todos devem seguir escrupulosamente as regras emanadas pelas entidades de saúde.
Todos somos parte.
A prevenção é a nossa única salvaguarda.
Repito. Este assunto é mesmo MUITO GRAVE!
Um abraço
Eduardo Oliveira e Sousa
Presidente