A dimensão deste protesto voltou a surpreender pela adesão em força dos agricultores que voltaram a reunir-se para protestar “contra a incompetência de quem nos governa”, desta vez afirmando claramente que “a ministra não percebe nada de agricultura e devia ser posta na rua”.
Enquanto uma longa fila de centenas de tratores desfilava pela cidade, o grupo de manifestantes avançava na frente com o objetivo de entregar um documento reivindicativo na CCDR Alentejo para de forma simbólica demonstrar que as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Rural – que agora pretendem absorver as responsabilidades das Direções Regionais de Agricultura - não têm o domínio técnico necessário para prestar serviços relacionados com a Política Agrícola Comum. Com o novo PEPAC acabado de entrar em vigor, este é um dos momentos em que os agricultores e o sector mais precisam do apoio de quem sempre acompanhou a evolução da PAC e domina a complexidade das suas medidas, ou seja, as DRAP próximas dos agricultores, nunca as CCDR. Este momento acabou por ganhar um tom crispado e a exaltação exigiu a atenção das forças policiais presentes.
A cabeça da manifestação seguiu daí para a Direção Regional do Alentejo, alguns metros à frete, onde o diretor regional, Godinho Calado, veio receber pessoalmente os agricultores, sendo muito ovacionado.
Estes dois gestos simbólicos - um de frontal oposição às CCDR e outro de apoio à DRA Alentejo - marcaram a última manifestação regional desta primeira ronda de protestos onde se notou o endurecimento dos discursos. No dia em que o Governo, através do Ministro das Finanças, apresentou um pacote de medidas “para mitigar o aumento do custo de vida dos portugueses”, afirmando que pretende uma redução do IVA dos bens essenciais e “está a tentar celebrar acordo com setor da produção alimentar e com setor da distribuição alimentar, visando criar estabilidade e confiança, acabando com o sobressalto de não saber se um dia se chega a uma prateleira com um preço mais alto do que encontrou na véspera”, os agricultores anunciaram que vão avaliar estas propostas, mas não perdem o propósito maior: substituir a incompetente que os governa”