Esta atitude prepotente praticada pelas indústrias é inqualificável e vem, contribuir duma forma acentuada, para a desmotivação de uma fileira que tem perdido muitas explorações ao longo das últimas décadas, decorrente principalmente, do baixo preço de leite praticado aos produtores, em comparação com os seus congéneres europeus (esta situação deveria ser bem conhecida de quem ocupa cargos de elevada responsabilidade política).
Os custos dos fatores de produção, como as rações ou os fertilizantes, tiveram subidas brutais e, começaram com esta tendência, antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, e nunca foram devidamente compensados pelo adequado preço de leite.
Somente nos últimos meses, o preço de leite pago ao produtor foi minimamente justo, mas bastou uma medida do governo, como a baixa do IVA dos produtos alimentares, para a indústria voltar à mesma estratégia, na qual, o produtor é sempre o parente mais pobre da fileira.
Não nos podemos esquecer, que a subida do preço de leite ao produtor não teve a mesma dimensão que no consumidor, significando assim, que a indústria ou a distribuição, foram os grandes beneficiados com a subida dos preços dos produtos lácteos, no fim da cadeia alimentar.
Aguardamos que na região, a indústria seja capaz de ter uma atuação diferente e com isso, defenda os rendimentos dos seus produtores, embora, as subidas em novembro do preço de leite no continente praticadas pelo Pingo Doce e Lactogal, não se tenham repercutido nos produtores de leite Açorianos.
Os produtores de leite dos Açores que produzem matéria-prima de elevada qualidade, não podem continuar a ser esmagados pela indústria duma forma arbitrária e sem qualquer tipo de contemplação. A indústria de leite dos Açores se pretender diminuir o preço de leite, terá uma redução drástica da produção de leite, o que pode pôr em causa a sua própria viabilidade económica e com isso, o futuro da fileira na região.
A Federação Agrícola dos Açores não pode deixar de lamentar a postura que as indústrias de transformação têm perante o mercado, em que são sempre muito proativas nas descidas do leite e reativas quando existem condições, para a subida do preço do leite.
Fonte: Comunicado de Imprensa da Federação Agrícola dos Açores, 30/03/2023